Mais uma 'quase' vitória do Brasil em Pequim

segunda-feira, 1 de setembro de 2008



A seleção brasileira de basquete fez sua melhor partida em Pequim, mas não conseguiu superar a Rússia, e saiu de quadra derrotada por 74 a 64, com a sensação de vexame nas Olimpíadas. Lanterna do grupo A, sem nenhuma vitória, a equipe ficou com pouquíssimas chances de chegar às quartas-de-final no torneio olímpico de basquete feminino.

Liderando a partida até o início do último quarto, o time de Paulo Bassul deixou a vitória, obrigatória para se manter na competição, escapar. As russas, que estiveram mal nos arremessos durante a partida, souberam virar e se garantiram na próxima fase ao lado da Austrália, que bateu a Letônia na quarta rodada.

O Brasil começou procurando impor velocidade para vencer a marcação individual russa. As infiltrações, com Micaela e Adrianina, funcionaram inicialmente, cavando faltas e aproveitando lances livres.

Aproveitando o mau começo das russas, que erraram oito em 17 arremessos no primeiro quarto, o Brasil abriu pequena vantagem e conseguiu se estabilizar em quadra, abrindo vantagem de cinco pontos.

No segundo quarto, a defesa, com Kelly, soube conter bem as infiltrações da pivô Stepanova, que deixou a quadra com duas faltas, preservada pelo técnico. A ala-pivô Osipova comandou a ofensiva da equipe russa. Mesmo assim, a equipe européia perdeu o período por 15 a 14, no placar parcial, e seguia atrás no confronto (41 a 35).

A vitória nos 20 minutos iniciais, porém, em nada garantia a partida para o Brasil. A seleção continuou bem em quadra, mas sem abrir uma vantagem confortável. Fazendo quarto pontos em oito minutos, as brasileiras permitiram a virada russa, que chegou com Osipova. Karla e Adrianinha, dividindo a armação do time e fazendo jogadas rápidas na reposição de bola, puseram a seleção na frente novamente.

Uma bola russa de três pontos parecia encerrar o quarto a favor da Rússia, mas Adrianinha, no último instante, acertou mais uma de três - a quinta dela no jogo -, e manteve a seleção dois pontos à frente.

No quarto período, porém, o Brasil voltou a mostrar os mesmos erros e nervosismo das derrotas contra Coréia do Sul e Letônia. As russas viraram o placar e passaram a controlar a partida. A bola parou de cair para as brasileiras e Adrianinha, destaque durante a partida, se apagou no último período. A Rússia, mesmo sem apresentar seu melhor jogo, manteve a distância no marcador para seguir invicta no torneio olímpico.

Adrianinha terminou como a cestinha da partida, com 21 pontos, mas apenas ela e Kelly superaram os dois dígitos. Pelo lado russo, a pontuação foi melhor distribuída e quatro atletas superaram a casa dos dez pontos. A armadora Korstin acabou sendo a melhor em quadra, com dez pontos, dez rebotes e cinco assistências.

Este foi o quinto confronto entre as duas equipes e a Rússia desempatou o duelo com o triunfo desta sexta-feira. Os cinco jogos ocorreram em edições olímpicas. O Brasil ganhou em Atlanta-1996 por 82 a 68 e em Sydney-2000 por 68 a 67, nas quartas-de-final. Já a Rússia levou a melhor nas duas partidas de Atenas-2004: 77 a 67 e 71 a 62, na disputa da medalha de bronze, e agora em Pequim.


Fonte: UOL



Declarações:


— Conseguimos jogar de igual para igual e liderar os três primeiros períodos. No último quarto os detalhes fizeram a diferença e acabamos sendo derrotadas pela atuação da vice-campeã mundial. A nossa equipe pecou pela falta de experiência, já que temos oito jogadoras que participam pela primeira vez de uma Olimpíada. Isso não é desculpa. Nós viemos aqui para fazer o melhor e representar bem o basquete brasileiro. Infelizmente não foi possível vencer os quatro primeiros jogos. Domingo contra a Bielorrúsia vamos entrar com a mesma disposição e vontade de ganhar — comentou a pivô Kelly.


— O nosso objetivo inicial era garantir a vaga nas quartas-de-final e depois brigar por uma medalha. Das quatro partidas que perdemos, três foram nos detalhes. É duro você treinar, abrir mão de muita coisa, inclusive da família, e saber que podia ganhar. O grupo é muito bom e unido. Mas precisa ter mais experiência, principalmente para superar os momentos decisivos. São os detalhes como concentração e menos erros que fazem a diferença no final – explicou a armadora Adrianinha.


— A equipe entrou em quadra muito confiante e determinada. Passamos por cima da derrota para a Letônia por um ponto e buscamos a vitória contra a Rússia com disposição e vontade. Só que esbarramos nos nossos próprios erros no último quarto. Erramos bolas fáceis e não conseguimos segurar o ataque delas. O time precisa de mais maturidade e experiência internacional. Isso só se adquire jogando contra seleções fortes — disse a pivô Êga.


— Fizemos uma partida de alto nível durante três períodos e perdemos no final. É preciso que a equipe fique mais compacta para manter o mesmo ritmo durante 40 minutos. Posso assegurar que a seleção está bem montada, mas é impossível no basquete de hoje você manter a mesma jogadora durante muito tempo em quadra. E quando acontecem as trocas é natural que haja uma mudança de ritmo. A Rússia veio completa e sem problemas para a Olimpíada. O Brasil conviveu com a contusão da Micaela, a Kelly se juntou ao grupo em Pequim, a Adrianinha pegou uma pneumonia às vésperas da viagem para a Austrália. Vou voltar um pouco lá atrás. Logo depois do Mundial do Brasil, em 2006, três jogadoras experientes se despediram da seleção: Helen, Alessandra e Cíntia. Logo após o Pan do Rio de Janeiro, em 2007, foi a vez da Janeth. Somado a tudo isso, essa equipe começou a ser montada em agosto do ano passado, com a minha entrada no comando. Em menos de um ano nenhuma seleção consegue se formar e estamos pagando por isso agora. Mas volto a dizer, é um grupo muito bom, talentoso e que sabe do seu potencial. Mas precisa de mais um tempo para atingir um padrão internacional. Depois do Campeonato Nacional, quer termina em dezembro, vamos levar uma seleção com atletas de 16 a 26 anos para jogar na Europa. Isso já faz parte do planejamento do próximo ciclo olímpico. Esse trabalho é fundamental para mantermos o Brasil entre as quatro potências mundiais — analisou o técnico Paulo Bassul.


BRASIL (26 + 15 + 15 + 08 = 64)

Adrianinha (21pts e 6 assistências), Claudinha (3), Micaela (4), Êga (9) e Kelly (10). Depois: Karen (5), Mamá (4), Fernanda (3), Karla (3) e Franciele (2). Técnico: Paulo Bassul.


RÚSSIA (21 + 14 + 19 + 20 = 74)

Rakhmatulina (7pts), Karpunina (11), Korstin (10), Stepanova (4) e Osipova (9). Depois: Hammon (11), Shchegoleva (14), Abrosimova (6) e Kuzina (2). Técnico: Igor Grudin.

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